Líderes chineses e cambojanos se encontram: “Grande e inquebrável solidariedade”

Pol Pot e Hua Guofeng

17 de outubro de 1977


Primeira edição: publicado no jornal The Call, vol. 6, n.º 40, em 17 de outubro de 1977.

Fonte para a tradução: seção inglesa do Arquivo Marxista na Internet.

Tradução: Rick Magalhães de Sá.

HTML: João Batalha.

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“Os nossos dois Partidos, dois governos e dois povos mantiveram uma posição Marxista-Leninista fundamentalmente idêntica e correta”.

Essa afirmação de amizade revolucionária e militante entre a China e o Kampuchea Democrático (antigo Camboja) foi dada por Pol Pot, o primeiro Secretário-Geral do Partido Comunista do Kampuchea, em visita a Pequim, no mês passado.

Em um banquete em homenagem à delegação do Partido e ao Estado do Kampuchea, discursos importantes foram feitos por Pol Pot, bem como pelo líder da China, Hua Guofeng. O texto das declarações foi publicado em 29 de Setembro, pela Agência de Notícias Xinhua.

Tomando a frente, Hua Guofeng cumprimentou os camaradas do Kampuchea, classificando sua visita como um “evento importante” nas relações entre ambos os países e partidos. Ele disse, “O Partido Comunista do Kampuchea, chefiado pelo camarada Pol Pot, é um convicto Partido Marxista-Leninista”. Ele chamou o PCK de “a força central que lidera o povo cambojano na conquista da vitória em sua revolução”.

Resumindo a grande história da luta do Kampuchea contra o imperialismo dos Estados Unidos e a camarilha reacionária de Lon Nol, Presidente Hua disse que o povo cambojano criou “o primeiro Estado proletário da história do Camboja, no qual o povo se tornou mestre do seu próprio destino”.

Ilustrando algumas grandes conquistas que o Kampuchea fez na reconstrução de si mesmo desde a guerra, o Presidente Hua disse que “a prática da luta revolucionária do povo cambojano prova eloquentemente que qualquer país, seja ele grande ou pequeno, pode derrotar a agressão das grandes potências, conquistar a libertação e fazer um bom trabalho de reconstrução nacional. Basta que confie nas massas, defenda os princípios de independência e autossuficiência, persista na luta armada e progrida continuamente aprendendo com suas experiências”.

O Presidente Hua agradeceu ao povo cambojano e ao PCK pelo apoio na hora em que a China estava necessitada -após a morte do Presidente Mao e durante a luta contra a “Gangue dos Quatro”. Ele também abordou algumas das principais características da atual situação internacional, apontando os fatores em crescimento tanto para a guerra quanto para a revolução.

Ao mostrar, por um lado, que “ambas as superpotências querem dominar o mundo”, Hua disse que uma luta vigilante e unida do povo poderia atrasar a eclosão da guerra ou colocar as forças do povo em uma posição melhor quando a guerra estourar.

Em seu discurso, Pol Pot falou da “grande, inquebrável, e eterna solidariedade militante” entre o Kampuchea e a China. Ele expressou apoio forte ao Presidente Hua, à derrubada da “Gangue dos Quatro” e às decisões do recente Décimo Primeiro Congresso do Partido Comunista Chinês.

Ao elogiar calorosamente o Pensamento Mao Zedong, Pol Pot disse: “Seguindo Marx, Engels, Lenin e Stalin, Presidente Mao e seu Pensamento resistiram triunfantemente ao teste de sucessivas tempestades revolucionárias”. Ele disse que o Pensamento Mao Zedong hoje ilumina o caminho da revolução popular em todo o mundo.

“Mais precisamente”, disse Pol Pot sobre o Pensamento Mao Zedong, “é a arma política e ideológica mais eficaz e afiada que guia infalivelmente nossa luta até a vitória”.

O líder do Kampuchea também falou longamente sobre a importância das lutas anti-imperialistas que ocorrem nos países não alinhados e no terceiro mundo. Ele enfatizou o apoio de seu país e de seu Partido às grandes tempestades revolucionárias na Ásia, África e América Latina.

Pol Pot comentou particularmente em apoio à luta da Coreia pela reunificação, à guerra de libertação do Timor-Leste, à luta Palestina contra o Sionismo, à batalha contra o apartheid e o racismo travada pela Azânia, pelo Zimbábue e pela Namíbia, além de também apoiar a demanda do terceiro mundo por uma nova ordem econômica.

Pol Pot fez então um relato detalhado sobre o que aconteceu no Kampuchea desde a libertação. Ele comentou sobre as grandes melhorias na agricultura, que resolveram os problemas alimentares, bem como os avanços na conservação da água, indústria, saúde, cultura, educação e outros campos. Ele enfatizou particularmente que o povo cambojano estava fortalecendo suas defesas contra todos os inimigos e não permitiria nenhuma invasão em seu território soberano.

Abordando o tema do internacionalismo, Pol Pot concluiu mostrando como o Kampuchea estava ganhando apoio à sua revolução por pessoas de todo o mundo. Ele encerrou afirmando os laços entre a China e o Kampuchea dessa forma:

“Nós, cambojanos, nutrimos um profundo e fraternal amor pelo povo Chinês. As alegrias e tristezas do povo Chinês são nossas alegrias e tristezas, e as vitórias do povo Chinês são também nossas vitórias. Estamos determinados a trabalhar para proteger, consolidar e desenvolver esta grande união militante e essa amizade fraternal e revolucionária, para que perdure para sempre”.